segunda-feira, 22 de abril de 2013

A última ceia em 12/12/2012

Escrita e interpretada por alunos do 10º 2, a peça intitulada "A última ceia" foi encenada pelo professor de Português da turma, João Pedro Aido:

Sinopse da (micro)peça sobre o fim do mundo:

A última ceia

Uma família com dois filhos, classe média alta, uma empregada mexicana.
Apesar da crise, e como têm uma casa grande, decidiram ser uma família de acolhimento para dois estudantes estrangeiros.
Colocaram o anúncio na Internet, no sítio da universidade onde trabalha o pai, na ONG onde trabalha a mãe e na associação que faz intercâmbio de estudantes.  
Acabaram por receber um estudante de antropologia, de origem líbia, Malik Kadar, de 19 anos, e um rapaz budista americano de origem indiana, Ary Tsuy, de 17 anos.
As crenças da família são confrontadas, no dia a dia, com as das outras pessoas: o pai, Jorge Simões, 43, que trabalha num laboratório de nanotecnologia, é um cientista ateu apesar da educação religiosa que recebeu; a mãe, Fernanda Sousa, 38, responsável de uma ONG de voluntários que trabalham sobretudo em países africanos, é cristã mas não pratica – interessa-se mais pela rede de voluntários que a sua ONG tem em todo o mundo; a filha mais velha, Mariana, 16,  não liga à religião e interessa-se sobretudo pela sua rede de amigos e pelos estudos de filosofia, ainda que tenha um interesse particular no americano, Ary Tsuy, com ideias budistas; o filho mais novo, Martim, 10, é ainda uma criança, mas de personalidade forte, e prefere jogar com os amigos na PS3.
Um programa de televisão (um documentário sobre o fim do mundo), uma noite, gera uma discussão entre todos – a discussão é inconclusiva, porque as ideias não são consensuais (e cada um tem a sua).
O pai, ateu, cientista, utiliza o seu conhecimento científico para defender que o fim do mundo está inimaginavelmente longe. A empregada mexicana, Rosalinda Rodriguez, 43, que mantém uma relação secreta com Jorge, é a mais fervorosa – e percebe-se porquê: recorrendo às suas crenças religiosas, diz que, na verdade, o mundo irá acabar muito em breve, à meia-noite do dia 12 de dezembro de 2012; ela acredita mesmo que é o dia do fim do mundo, tal como se ‘mostra’ na televisão, e por isso quer estar junto daqueles que considera a sua família. Por sua vez, a mãe, invocando também as suas crenças religiosas, em que não parece acreditar muito, diz que o fim do mundo será quando o Messias descer à terra e derrotar o Anticristo, no dia do Armagedão, acreditando, no entanto, que o mundo espiritual nunca acabará. É neste mundo espiritual que acredita a filha – e os jovens não conseguem levar demasiado a sério esta ideia de fim, em que a ideia budista de recriação parece mais interessante.
A amizade entre todos, e o amor, sobrepõe-se às diferenças, que parecem, no entanto, irreconciliáveis. A vida parece triunfar: o líbio, a filha e o americano acabam por sair para se divertir. O pai ainda fica a trabalhar e a mãe recebe um telefonema de uma voluntária norueguesa. A empregada mexicana vai deitar a criança e fica a falar-lhe sobre o seu medo do fim. Conta-lhe uma história.
A criança adormece. E a empregada mexicana continua no sonho a contar-lhe a história do fim do mundo, agora cada vez mais próximo e em contagem ‘decrescente’. O momento do fim da contagem é também o momento do fim do sonho e a criança acorda. Afinal foi tudo um sonho?

 10º2, novembro de 2012


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